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Lygia Clark: Tudo que é concreto se desmancha no ar
Tudo o que era sólido se desmancha no ar, tudo o que era sagrado é profanado, e as pessoas são finalmente forçadas a encarar com serenidade sua posição social e suas relações recíprocas. (Karl Marx. Manifesto Comunista)
A coleção João Sattamini/MAC de Niterói reúne um dos principais conjuntos de obras da Lygia Clark do seu período de maturação e conquista do espaço-orgânico na década de 50. É desta eclosão de paradigmas racionais da arte concreta para o orgânico – vivo – ambiental, que cabe a inspiração do título em uma citação de Karl Marx. A mostra apresenta uma rica passagem da artista pela abstração geométrica, porém, por meio desse conjunto de obras, se tem a própria genealogia de uma sensibilidade voltada à recuperação ou transbordamento da arte para a vida. Neste percurso intenso de transmutações ou da própria eclosão do plano submetido às representações, que surgem as novas formas de pensar sobre a emancipação da pintura e da artista. Lygia Clark descobre a fita de Moebius – a contínua reversibilidade do dentro e fora – a dobradura e redobras que são o prenúncio de uma estética existencial – do vazio pleno, do caminhando. De um “Ato” de emancipação total das divisões entre artista e espectador – do criador e os múltiplos estados singulares da arte além da arte. É na arquitetura do MAC que estas obras encontram seu abrigo poético – uma sinergia vital com o arquiteto Oscar Niemeyer.
Exposição: 06/09 a 01/03
Local: Salão
Curadoria: Luiz Guilherme Vergara, Lula Wanderley e Gina Ferreira
