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Exposição interativa e acessível traz a ilha Deception, da Antártica, a Niterói
Fernando Talask revela em fotos dois lados do continente de gelo: a destruição promovida pelo homem e a resistência da natureza
A Galeria de Arte La Salle abriga até o dia 5 de maio a exposição Deception: memórias de uma ilha vulcânica, um convite à imersão do público na Antártica por meio das imagens de Fernando Talask.

O veterano fotógrafo apresenta seu olhar acerca de dois extremos: enquanto as fotos em preto e branco registram as ruínas da ilha vulcânica Deception, base norueguesa para o refinamento de óleo de baleias no século XX, as fotos coloridas mostram a resistência da fauna no continente, bem como geleiras ainda de pé.
Ao todo, são 48 fotografias em 60×40 e 60×90.
Algumas são um convite à experiência da realidade aumentada: a partir da leitura de QR Codes, as imagens estáticas na parede se transformam em vídeos capturados na mesma cena, trazendo uma dimensão sensorial que extrapola os limites da fotografia tradicional.
Já outras foram reproduzidas em impressora 3D, promovendo a acessibilidade do público junto do recurso da audiodescrição.
Pensando na visitação de escolas da cidade, a Galeria também compôs um caderno pedagógico para apresentação das obras.
O objetivo da mostra é levar à reflexão acerca do impacto da ação humana na natureza. A fábrica de beneficiamento de óleo operou de 1912 a 1931 na ilha Deception, com 500 homens trabalhando noite e dia na caça e no processamento dos mamíferos.
Estima-se que naquele século, três milhões de baleias foram mortas. Fernando teve duas horas para realizar um ensaio no local, em meio a uma nevasca que impedia a visão.
Barcos e tratores enterrados, tanques e arrebites abandonados, além de diversas tábuas espalhadas formam um ambiente apocalíptico instaurado após a erupção vulcânica de 1967 e capturado por sua câmera.
Os equipamentos fotográficos são outro destaque da exposição. Colecionador, Fernando Talask possui cerca de 1000 câmeras em seu acervo, já tendo levado muitas delas pelo Brasil em exposições itinerantes realizadas dentro de uma Kombi (projeto Kombinação). Seis câmeras estão expostas na Galeria La Salle, bem como lentes e flash. A mais rara é uma Speed Graphic com chapas 4×5, utilizada por Jean Manzon, fotojornalista da revista O Cruzeiro, considerado o preferido de Getúlio Vargas.
Biografia
Fernando Talask iniciou sua carreira na fotografia em 1978, com 13 anos, fotografando e escrevendo para o jornal A Tribuna, de Niterói. Foi vencedor de vários concursos de fotografia antes dos 15 anos de idade, dentre eles: o salão Senac de fotografia 1979 e o Salão do Estudante da UFF 1980. Foi professor da Sociedade Fluminense de Fotografia de 1981 a 1987. Inaugurou seu primeiro estúdio em 1986, iniciando uma rede de lojas conhecida por Asa1000, com 13 filiais. Também foi estagiário no estúdio da revista Manchete em 1987. Concluiu sua formação em fotografia colorida nos laboratórios da Kodak Brasileira em São Paulo. Fomentou diversos concursos e exposições fotográficas na cidade de Niterói dos anos 1980 até 2010. Foi conselheiro da Kodak brasileira nos anos de 2001 a 2003 e também vice-presidente territorial da “Photomarketing Association”, associação norte-americana que tinha como objetivo o incentivo e a expansão do mercado fotográfico. Atualmente historiador, se dedica à fotografia analógica e a colecionar câmeras fotográficas.
Serviço
DECEPTION: MEMÓRIAS DE UMA ILHA VULCÂNICA
Local: Galeria de Arte La Salle – Unilasalle-RJ
Rua Gastão Gonçalves, 79, Santa Rosa – Niterói-RJ
Duração: em cartaz até 5 de maio
Horário: segunda a sexta, das 9h às 20h
Entrada: Gratuita
