Cidade
Obra de supermercado em Niterói não prevê contrapartida para o trânsito
A construção de uma unidade do supermercado Mundial, em Santa Rosa, já em andamento e com previsão de inauguração para setembro do ano que vem, retoma a discussão sobre a necessidade do alargamento das ruas Mário Viana e Santa Rosa. Moradores do bairro, que já sentem os impactos causados no trânsito pela expansão imobiliária, temem que o novo empreendimento atraia um fluxo de veículos ainda maior para as vias que só têm uma pista de cada lado e estão sempre engarrafadas.
Apesar de a prefeitura afirmar que a licença ambiental para as obras só será dada após aprovação do Estudo de Impacto de Vizinhança, do Relatório de Impacto sobre o Sistema Viário e do Relatório Ambiental Simplificado, a administração do supermercado informa que os estudos já foram aprovados pelo poder público. Sem a cobrança de qualquer contrapartida no sentido de contribuir para a melhoria do tráfego na região, o Mundial providenciará o plantio de 396 mudas no Parque Natural Municipal de Niterói (Parnit), na Praia do Sossego. A direção ressalta que o supermercado vai gerar mais de mil empregos diretos. Na Avenida Marquês do Paraná, a prefeitura condicionou a construção de um shopping ao investimento de R$ 14 milhões para o alargamento da via.
“De acordo com a Certidão de Análise de Estudo de Impacto no Sistema Viário, certificada pela prefeitura de Niterói, não é feita nenhuma recomendação de medida mitigadora, uma vez que o estudo concluiu que não haverá impactos significativos no sistema viário que inviabilizem a implantação do empreendimento”, diz a administração da rede, em nota.
O projeto de alargamento das vias é previsto há 15 anos, mas nunca saiu do papel. De acordo com o Plano Urbanístico Regional (PUR) de 2002, na fração SR 05, que inclui toda a extensão das ruas Santa Rosa e Mário Viana, o afastamento frontal das novas construções deve ter, no mínimo, sete metros, já pensando num possível alargamento.
Moradores do bairro acreditam que a construção do supermercado é a oportunidade ideal para o prefeito Rodrigo Neves fazer o alargamento da Mário Viana. “Se o trânsito ali, que nunca foi bom, piorou sensivelmente depois da instalação de um sinal na esquina da Avenida Sete de Setembro, imagina quando o mercado estiver funcionando.” afirma um morador.
Presidente do Conselho Comunitário da Orla da Baía (Ccob), José de Azevedo argumenta que o alargamento como contrapartida seria a única vantagem. “Fomos contra essa obra. Essa área poderia ser um espaço de lazer. A Mário Viana já está congestionada de prédios por causa do PUR que colocou o gabarito muito alto, de 18 pavimentos. Cada prédio novo tem em média mais de cem apartamentos. Poderiam usar essa contrapartida.” destaca Azevedo
Fonte: O Globo